Há mais de 30 anos, a introdução de prótese de silicone é uma técnica utilizada para aumentar ou reconstruir as mamas em todo o mundo.
A mamoplastia de aumento, mais conhecida como cirurgia de prótese de mama, já foi feita por mais de 2 milhões de mulheres em todo o mundo, sendo a maioria, cerca de 80% feita por motivo estético e 20% realizadas na reconstrução mamária.
Periodicamente a discussão relativa à colocação dessas próteses e o câncer de mama vem à tona. Reportagens divulgaram um trabalho publicado no Journal of the American Medical Association, dos EUA, que compara os resultados em relação à sensibilidade (chance de detectar a doença) e à especificidade (possibilidade de definir melhor o diagnóstico) da mamografia em pacientes com e sem próteses mamárias.
Este estudo acompanhou mais de 2 milhões de mulheres desde 1972. Com o aumento do número de cirurgias para implante de próteses de mama, a preocupação sobre as possíveis relações com problemas de saúde cresce entre as mulheres.
O estudo relata menor sensibilidade e maior especificidade da mamografia em mulheres com prótese e sem sintomas de câncer.
A publicação mostra ainda não haver diferença entre a sensibilidade e a especificidade em mulheres sintomáticas, com ou sem silicone, e conclui que “as mulheres com implantes têm o mesmo prognóstico em relação ao câncer daquelas sem implante”, o que sugere e está de acordo com a prática médica, de que não há prejuízo no diagnóstico nas pacientes com próteses mamárias.
Alguns estudos mostram que o câncer de mama palpável tende a ser descoberto com mais precocidade por mulheres com prótese mamária. “Até porque elas tendem a ser mais cuidadosas com o auto-exame e possivelmente porque as pacientes que realizam a inclusão de prótese de silicone, em sua maioria, possuem mamas atróficas.
Também se sabe que o diagnóstico precoce e o prognóstico de cura do câncer de mama em pacientes com e sem próteses mamárias são os mesmos, provando que não há interferência nessa relação.
As próteses são, inclusive, indicadas para a reconstrução mamária em pacientes operadas pelo câncer de mama que necessitam controle rígido e poderão ter eventual recidiva futura. Além disso, depois de uma década de pesquisas, a Food and Drugs Association (FDA), EUA, não tem qualquer comprovação da relação da prótese de silicone como causa do câncer.
Cabe destacar que a inclusão da prótese de silicone não interfere na amamentação, pois é posicionada atrás das glândulas mamárias.
Alguns cuidados, porém, devem ser tomados pelas pacientes: procurar um cirurgião membro da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP) e conversar com ele sobre o volume adequado da prótese para que seja proporcional ao tamanho de seu tórax e à quantidade de pele da mama.
A prótese de silicone coesivo é considerada o material mais seguro existente, pois, em caso de ruptura, não permite o extravasamento de seu conteúdo. Ela possui vida útil estimada em 15-20 anos, quando possivelmente será conveniente trocá-la em função de desgaste do material e da modificação corporal da paciente.
O assunto já foi amplamente estudado e os resultados são conclusivos. Uma pesquisa patrocinada pelo Instituto Nacional do Câncer dos Estados Unidos acompanhou desde 1972 mais de 2 milhões de mulheres que colocaram próteses.
As próteses de mama definitivamente não têm relação nenhuma com câncer de mama. Em alguns estudos, as mulheres com implantes apresentaram até mesmo uma frequência menor desse tipo de câncer.
O estudo permitiu ainda a avaliação da frequência de outros tipos de tumores, como de estômago, intestino e pulmão. A ocorrência desses tumores também não tem ligação com as próteses.
Outra preocupação diz respeito à influência das próteses nos exames preventivos para diagnóstico de tumores. Grandes estudos epidemiológicos mostraram que as mulheres com implantes não têm seus exames atrapalhados pela presença das próteses.
Para aquelas mulheres que receberam próteses para a reconstrução da mama depois de uma cirurgia por câncer, também não existe perigo maior de retorno da doença ou modificação da taxa de sobrevivência.
Outro questionamento já levantado diz respeito às chamadas doenças do tecido conjuntivo, como artrite reumatoide e outras. O grupo do Instituto Nacional do Câncer conseguiu rever mais de 40% dos prontuários médicos das pacientes que questionavam a ligação das doenças e os entregou para especialistas independentes. A revisão externa dos registros médicos mostrou que, mais uma vez, a relação não se confirmava.
Importante é ressaltar que após a decisão de se submeter a uma cirurgia para implante de próteses mamárias, a mulher deve passar por uma avaliação pré-operatória rigorosa para diminuir os riscos de complicações depois da operação.
Outra recomendação da Sociedade de Cirurgia Plástica é que as pacientes procurem conhecer as referências do cirurgião e, se tiver dúvidas, consulte a sociedade para garantir que ele está credenciado para fazer a cirurgia.